domingo, 19 de dezembro de 2010

O mundo de vidro

  
Nós que nos mantemos sobre cordas bambas a beira de um abismo, com uma amizade tão transparente como casas de vidro. Nos vemos presos a sinceridade em nossas palavras, não por integridade, não por honra, somente pelo fato de manter pura e imaculada a chama que cultivamos em nossos peitos. Esse sentimento vítreo que nada mais é que uma extensão de cada um de nós em outros corpos, que nos empurra a um novo amanhecer, que nos impede o suicídio. As boas conversas na mesa de bar, o silêncio do ouvinte que consola quando as lágrimas teimam em cair, as piadas que embalam uma noite dada por perdida. Ah, tudo isso se mostra tão verdadeiro, tão puro , que as vezes custo a acreditar que é real, que não é um sonho bom.
 Posso dizer que me é mais precioso do que todos os tesouros da terra, posto que nenhum homem leva bem algum, mas sempre deixa, mesmo que seja só boas recordações de suas amizades transparentes feito vidro.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Onde os anjos não ousam pisar (pedaços de Ira!)


Com a casa da alma sem mobílias, preso em minhas limitações, feito conversas em mesa de bar. Não necessito de nada além do que possa carregar comigo, e são tantas coisas que levo,que meus joelhos pesam e doem. Como um anjo parado a beira de um abismo, decidindo  se cai ou tenta voar, tento me erguer com o peso de todo o universo em minhas decisões.
 Arrumo minhas malas com o pouco que tenho e apanho meu violão, assobiando um velho samba, sem cigarros ou arrependimentos. Viajo sem deixar nada para traz, carrego tudo que me é precioso dentro de uma bela canção.Vou tentar viver, vou tentar chorar, vou aonde os anjos não ousam pisar, eu vou , e vou sem sair do meu lugar.
 E com o sabor da vida de uma geração inteira extraída de um único beijo, após um flerte fatal, pulo de olhos fechados e dou um beijo de língua na manhã que acaba de nascer, por que eu vi um sorriso e isto me valeu o dia. Por tudo e somente por isso, não ligo mais para as pedras no caminho, as usarei para criar a minha própria estrada.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Meus desvaneios


 Os monstros e demónios que me aterrorizavam quando minha alma ainda habitava o corpo de uma criança, hoje não passam de lembranças lúdicas do meu passado. Caço meus próprios monstros e me de gladio com os meus infernos diários, sem perder a força de uma tempestade, e a inquietude do mar que se abriga em meu peito. A chama da esperança ainda arde e a fé destinada as crianças ainda corre junto ao sangue em minhas veias, elevando meus pensamentos como águia em contacto com os acordes de uma antiga canção
 Minha geração, se encontra desmotivada, alimentando a angústia, como se ela pudesse acrescentar mais um dia a semi-vida que os seus joelhos inconscientes arrastam. Perdendo tempo em a lamentar suas desilusões,sem tomar uma atitude, como borboletas dentro de um aquário que até embelezam o ambiente mas não satisfazem a sua gana por liberdade.
 Mas eu, eu não serei um destes, por certo romperei os vidros e quebrarei os grilhões que tendem a prender meus tornozelos, e com o tempo a minha geração enfrentará os seus infernos diários e serão a voz dos que tem voz , mas se calaram a muito tempo, sem coragem pra gritar por sua própria liberdade.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A ampulheta




 Com o passar do tempo,e o correr da areia, vemos como é escasso o nosso prazer, prazer por boas conversas, por um livro sincero,por se ter um amor,e até mesmo por querer tê-lo.O tempo corre veloz, nos atropela, marca em nossas peles a sua presença, impiedoso, por vezes teimoso, nos acelerando os bons momentos,e fazendo durar o que gostaríamos que passasse em um segundo. Mas o que é bom não precisa durar, só precisa ser intenso.Pergunte a qualquer um sobre seus bons tempos, sobre a intensidade deles, quem não se lembra dos poucos segundos de um beijo já a muito esperado, do arrepio causado momentos antes de algo incrível acontecer?
 Digo que não é o tempo que governa a ampulheta da razão, e sim que é a intensidade que rege o universo. Não sabemos quanto tempo ainda temos sob o sol, ou quantas horas de sombra iremos aproveitar, mas continuamos lutando, nos agarrando a esperança de que o mundo ainda pode ser melhor, de que ainda temos tempo de mudar o curso da história, que por certo tende a ser cruel.Mas acredito cegamente que se o mundo ainda é mal, o culpado está diante do espelho.
 Como um soldado que envia uma carta de desespero, peço que continuem acreditando, que areia pode se deter, e o sol pode brecar o seu curso para que possamos concertar o que há de errado.Acreditem na sinceridade e bondade do tempo ,mas nunca parem de lutar, e lutem até que os ponteiros dos relógios derretam sob o sol.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O Jardim de Cactus


Hoje com os joelhos cansados, olhando atravez de meus aquários. Tento não pensar no segundo seguinte, deixo o tempo correr entre meus dedos, na esperança mimada de que as próximas horas sejam verdadeiramente muito boas.Boas como o beijo as escondidas, como o drink com os amigos, como aquela música tocada na hora certa pra ti fazer explodir, como a viajem ao litoral sem pousada certa. O cheiro de liberdade ainda está empreguinado em minhas roupas, no meu hálito, em todo o meu ser. A incerteza se tornou a única coisa certa sobre mim, abro os meus braços ao sabor do vento, ouvindo "Under pressure" a carregar todo o peso do mundo em minhas costas. Vejo o por do sol por entre os fios dessa cidade tão cinza, mesmo assim o vejo magnifico, teimoso, a despencar do firmamento em direção ao horizonte.
 Um jardineiro que não sabe o que faz planta cactos em seus jardins.Me sinto o tao jardineiro, nesses tempos cheios de pessoar feitas de plástico em que vivemos, se apegar a sentimentos, ainda é a melhor saída, o melhor universo paralelo... Com tudo ainda vejo uma fagulha de esperança nos caminhos que iremos trilhar, mesmo sem saber o que o faz o jardineiro terá em seus jardins belas flores.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Depois da dor

  Passamos por tempos dificeis,diria que até cruéis.O atual sentimento de perda que nos consome, tambem nos empurra a um novo amanhecer. A dor que doutrora era esperança, lateja em nossa carne, mas aos poucos deverá diminuir. Saudade teremos, sempre teremos. Posto que a saudade é o amor que sentimos por quem não está mais perto de nós.A compania dos amigos e os sentimentos por eles demonstrados, nos acalentam e nos dizem que a vida continua para todos nós,novas estradas vamos trilhar , e por certo derramaremos mais lágrimas,não seremos atores, não fingiremos que a dor não nos afeta. Como soldados após uma recuperação por feridas de guerra, voltaremos ao combate, mais fortes , mais unidos. Um cordão de três fios não se rompe facilmente, hoje mais do que nunca entendemos o que o provérbio quis nos dizer.
  Apesar da dor , não nos entregaremos, não lembraremos da tristeza, não é assim que iremos viver.Ao nos lembrarmos, que seja com alegria, com os bons momentos vividos,as conquistas, as vitórias, e conversas embaladas ao ritmo de boas novas. Quando for o momento do reencontro,que seja um momento de alegria. E até lá ,vamos viver, a vida começa e continua agora.
 Apenas começamos!!!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

No mundo de Morpheus



Quero um cigarro, um copo cheio de um whisky envelhecido.Uma solução não soluvel, para salvar o mundo. Me perco tantas vezes nas perguntas que meu peito arde e sem razão alguma acelera os batimentos. Minha solidão aparente, não me maltrata tanto quanto as palavras de quem deveria estar ao meu lado, tenho um coração cravado de balas , que foram feitas de atitudes impensadas, não me preocupo com o amanhã, nem me oprimo por não estar em pleno vigor. minha pele escura e marcada pelo trabalho não me inferioriza perante ninguém.
 Devo admitir que hoje me deito no aconchego da minha cama pesando uma tonelada, e o arrastar dos meus joelhos me pedem um descanso palpavel,porem eu, adamantino como sou ,me nego, me privo do conforto da desistência, mesmo com esse sentimento agonizante me sinto na obrigação de não abaixar a cabeça, nem tirar esse sorriso bobo dos lábios.Se o céu for só uma promessa, e o inferno só uma sauna , eu não tenho nada a perder, depois que fechar meus olhos, na terra dos sonhos , nos braços de Morpheus. Não sei se vou para o céu ou para o inferno que aterroriza os homens, só sei que vou quebrar tudo no caminho.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Testamento para ninguem


Não sou nenhum santo, nunca quis ser.Pelo contrário, sempre procurei ser o avesso de tudo que estava a minha volta.Talvez essa forma de ser ,tenha me garantido uma espécie de alto proteção .Claro de mim mesmo. Mas o que importa? a loucura ainda não bateu a minha porta, não totalmente. Afinal eu ainda tenho um resto de sanidade que me impede o suícidio.Não falo só de morte física, mas cultural,espiritual, entre outras... Medos?Claro, tenho muitos mas nenhum dos comuns, não temo a morte que aterroriza os homens, nem mesmo a solidão. Quem tem a sí mesmo nunca está só.Temo me tornar algo que não sou,ser caretizado, rotulado, mecanizado... Os "dêmonios" que me aterrorizam são os que me impelem a ser ,cada dia mais eu mesmo. Queimar de uma vez é prefirivel ao me apagar aos poucos. Tenho pra mim que minha vida é um ciclo confuso e descorcertante. Pelo menos para quem a observa de fora, mas devo confessar que em certas horas é uma delícia.
 Não almejo a imortalidade, pelo menos não fisíca. Quero ser lembrado como o cara que nunca desistiu , antes de cair um milhão de vezes. e se levantar dois milhões.Como o teimoso , que acreditava que quando as probabilidades de dar certo eram nulas, era algo que valia a pena ser tentado. Pode demorar muito tempo ou ser daqui a pouco.Mas se fizerem a mesma pergunta que os antigos gregos faziam. Se eu vivi com paixão.a respósta será:  Sim, cada minuto. Não tenho arrependimentos , de não ter contado. e nem tão pouco de ter feito tudo o que fiz na minha vida. Sou o que sou ,faço o que faço! Não me curvo perante ninguem nem me arrependo de ser o ultimo idióta a ser ele mesmo.O que for pra ser será.

domingo, 10 de outubro de 2010

Com gosto de madrugada fria



Derrepente achei-me terapeuta de mim mesmo.
Descontente ,desconexo...Ainda com assuntos pendentes
Perdir-me na penumbra da minha sanidade.
Imposto antes pela falta ,agora pelo exesso de idade.
Forço-me a crescer desesperado ,vertiginosamente.

Me torno por um momento inconciente, inconcequente
Tenho agora por imposição de tempos vividos
A responsabilidade que sempre tive
primeiro como menino,logo como adolecente , hoje feito adulto
corpo ,massa fisica , peso bruto

Fiz-me poeta desconhecido
deixei que meu olho ficasse em estado umidecido
Quis provar de todo sabor
Medo ,raiva, alegria ,prazer e dor
enfim entreguei-me ao torpor

Chorei lamentando não ser mais o que fui
Porém dos meus olhos lágrima nenhuma caiu
Arrependido jamais...ainda não conheço tal sentimento
Talvez por isso permito-me esse peso
Essa corrente adamantina de sofrimento

Mas logo vem-me a lembrança do que é belo
Recordo-me que o mundo não são dois rios
Que correm em paralelo
mas é vida que desagua no mar

Do meus lábios escapa um sorriso malicioso
Cheio de interçõe libidinosas
Pois sei que o mundo é feito flor que tem espinhos
Mas são estes que protegem até mesmo as rosas

sábado, 9 de outubro de 2010

Vida em um aquário


Hoje ao acordar, vi hum mundo seco, e infértil.Perdi alguns minutos observando a vida bailando em meus aquários, em uma dança pura e complexa.Vi o limite da beleza e da prisão, sentindo o cheiro cinza dessa manhã de outubro, salpicado pelo vento que não me traz mais a esperança de um novo amanhecer, sem dor ou dúvidas.
A dúvida , é o preço da pureza, uma dádiva , uma maldição...Um ciclo interminável de perguntas sem respostas, como um dado viciado, vi a nossa insatisfação repetir as mesmas coisinhas chatas que nos tiram o sono. Talvez em hum copo de whisky, em hum blues, ou até mesmo em hum beijo, encontremos as respostas que sempre tivemos, mas estavamos cegos de mais para notar.
 Escrevo como um soldado numa trincheira, como um condenado a morte, como alguém que enganou o diabo... A cera das minhas asas está derretendo a cada centimetro que me aproximo do sol, a queda é alta e a dor será inevitavel, mesmo com isso quero mergulhar de cabeça. Quero coisas, sentimentos , sensações. Tenho em mim idéias novas, cheias de luxúria, de amor, de incontentamento. Busco em minhas novas canções, coisas que toquem o coração humano, que agradem os ouvidos de Deus.Como será o canto dos anjos? a música que me motiva, também me martiriza.
Não busco mais a perfeição somente a minha paz.