quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Por mais Clichês


   Esse é um manifesto por mais... Por mais clichês, por passeios de mãos dadas em shoppings lotados, ou em parques bucólicos. É um manifesto por mais caras fechadas causadas por ciúmes da garota siliconada que eu nem vi passar. É um manifesto, por flores entregues com cartões apaixonados sem nenhum motivo.
  Esse é um manifesto por mensagens e ligações cheias de fogo e putaria no meio da madrugada. Por uma mensagem de desejo no meio daquela reunião maçante sobre como aumentar os lucros da empresa.  Por um amor mais simples que pão com ovo.
  É um manifesto por mais tardes preguiçosas, regadas a filmes sob as cobertas, vinhos ou chocolates quentes. Por apelidos carinhosos, por cocegas arrancando gargalhadas e chutes quando o mau-humor bater.  

"Por um amor mais simples que pão com ovo."

   Eu quero ter o prazer de viver o clichê, só pra variar. Ser romântico numa segunda-feira infernal. Observa-la dormir numa madrugada de terça-feira, ou até mesmo ficar acordado, abraçado planejando nomes de filhos que nem saberemos se um dia vamos ter.

   Esse é um manifesto por um mundo com mais você, e por um mundo com mais clichês.

sábado, 29 de agosto de 2015

A Loira



 Ela é o tipo de mulher que o Bukowski olharia e pensaria: “Diabos, tá aí uma mulher que pode fritar os miolos de um cara só com o olhar.” Tem aquele equilíbrio perfeito entre saber ser anjo e quando ser o oposto. Chega a ser ridículo a forma como se move em sincronia com o universo, como se dissesse que o sol gira em torno dela, e não a terra em volta dele. Os cabelos cor de luz? Só mais uma de suas muitas formas de encanto, a forma como ELA (sim ELA em caixa alta mesmo, como uma divindade feita de carne e osso), tira a franja dos olhos com um sopro, pra revelar os olhos castanhos que te encaram e fazem que até o mais malandro “bon vivant ” perca a pose e se sinta intimidado com aqueles olhos que mesmo necessitando de óculos não deixam de ser incríveis. Aliás os óculos dão aquele ar angelical que só ela sabe ter, que só ela sabe ser.
É até engraçado. Porque quando você ouve essa descrição logo pensa: _ Cara, essa mulher é inatingível.
Mas não meu amigo, claro, que se você for dar em cima dela, cheio de onda, malícia e o caralho a quatro, vai tomar um toco que vai te fazer perder o caminho de casa. Nesse jogo ELA quem escolhe quem vai jogar e em que posição.

sexta-feira, 17:30hrs
 Era um dia como qualquer outro, cheio de tédio. E o escritório tinha menos movimento que briga de tartaruga, mas faltavam 15 minutos para o fim do turno. Jogado numa cadeira, desconfortável pra cacete, ficava imaginando porque tinha parado de fumar.
 Ele já a conhecia fazia alguns anos, mas, nunca alimentou a esperança de que teria alguma chance com aquela Vênus tupiniquim. Era só o amigo, chamado carinhosamente de “Nego” por ela.
Mas esse dia, os deuses resolveram pregar uma peça nesse cara tranquilo e largado, de barba por fazer, que trabalhava num emprego que não era sua área de formação.  Enquanto regava seu bonsai de pinheiro, o celular toca e no visor do aparelho aparece aquele rosto que sorria interrompendo tudo, até mesmo a rotação da terra.
Atrapalhado como ele só, atende de qualquer jeito.
_ Oi, o que manda minha loira.
_ Trem, vamos pro bar? Aquele boteco do centro, que a fica perto da faculdade.
_ Ah, sei não loira, dia ruim pra rolê.
_ Caralho meu, sexta-feira, dia de cerveja, tequila, jogar conversa fora e ouvir música ruim.
_ Olha a boca porra. Que horas, quem vai? (Ele não estava nem um pouco afim de sair, mas ELA é o tipo que te convence a ir até em missa de sétimo dia de defunto desconhecido.)
_ Lá pras oito, vai eu e o José
_ José?
_ É, José Cuervo. Tô te esperando lá.
_ Mas... Filha da... Desligou na minha cara.
É agora ele tinha que ir, sabia que se não aparecesse ELA ia ficar puta e xingar ele de tudo que é nome, incluindo palavras que não existem, mas que seriam criadas e dadas sentido pejorativo no momento.
Então juntou suas tralhas e foi pra casa. Como alguém sem pretensão, sem esperança de nada, além de umas risadas, e provavelmente um bom porre . Ao sair do banho, vestiu uma calça jeans surrada, uma camiseta branca com uma estampa engraçada, e jogou a jaqueta de couro preto por cima, nos pés um ALLSTAR cano baixo que parecia ter saído de um disco do Nirvana.
Chegou ao bar, sentou e pediu um conhaque, como sempre ELA estava atrasada. Já era natural, então ele se deixou cair na cadeira e saboreou o burbom como se realmente entendesse do assunto. Umas garotas sentadas na mesa próxima ficaram lhe olhando, mas ele não percebeu, era tapado demais pra isso.
Mas de repente o mundo parou, o ar pareceu se incendiar, um perfume de doçura leve invadiu o olfato, e ELA entrou, não estava vestida como as atrizes de clichês hollywoodianos, cheias de penduricalhos, cabelos esvoaçantes e maquiagem carregada. Não, ELA estava de vestido preto, bota de cano e salto baixo, e um sobretudo de tecido fino e branco por cima de tudo. Os cabelos soltos e os óculos de um grau forte pra cacete terminavam de compor o personagem que nem Shakespeare conseguiria criar.
Sem se mexer, ele a cumprimenta.
_ Oi loira,
_ Oi o cacete, levanta e fala comigo direito.
_ Mas “num guenta” ver ninguém exercendo o direito ao sedentarismo que já quer “atrapaiá”.
_ Hahaha. Levanta logo trem.
Ele se levanta e dar um abraço nela, daqueles de tirar a pessoa do chão. Junto com aquele beijo estalado na bochecha. Nesse momento ele perde o interesse das garotas da mesa ao lado, mas quem liga pra esse detalhe? Ele não percebeu que elas estavam olhando mesmo.
_ O que “cê” tá bebendo Nego? – Pergunta ela sentando e pegando o copo dele.
_ Conhaque, vai com calma que isso não é leite. – Ela já tinha tomado um gole e feito careta. Mas continuou bebendo.
_ Começou pesado hein. – Ela faz sinal pro garçom que se aproxima. – Moço traz uma cerveja e duas tequilas pra gente.
_ E eu que comecei pesado né pudim de pinga?!
A partir daí não preciso dizer que a conversa rolou em um clima absurdamente descontraído e etílico. A intimidade, e o álcool sempre criam senários perfeitos pra romances e trapalhadas, e esses dois eram campeões no segundo item.  
Era pra serem uns drinks, e só, mas aquele não seria mais um dia qualquer, e já era umas 21h30min quando eles deixaram o assunto morrer. A essa altura, já tinham trocado as cadeiras de lugar, sentando um do lado do outro, já tinham cantado junto e pedido música ao cara que se apresentava no bar, que, aliás, era horrível. E o assunto morreu, no meio de uma gargalhada, por um assunto que eles nem se lembram mais...  Nesse momento talvez se imagine que ele encarnou um Richard Gere e a tomou nos braços, mas não, a atitude partiu DELA, ela o beijou, pôs a mão na nuca dele e tacou-lhe um beijo.
O mundo mudou de cor, de forma, ele ficou sem ação, ou quase sem ação, um beijo daquela Vênus é algo que não se pode ignorar. E a surpresa deu lugar a fome, a vontade, ao tesão.
Não se perguntaram o porquê, simplesmente fizeram.  Os beijos ficaram mais sedentos, ganharam mordidas nos lábios, e foram parar no corredor que dava acesso ao banheiro do bar. Fazendo com que os amassos ficassem mais intensos e quentes que o próprio fogo.
Antes de serem presos, ou pararem numa delegacia por atentado violento ao pudor público, resolveram sair do bar e ir para um lugar privado. Seguindo o instinto visceral que só os verdadeiros amantes possuem, não fizeram escolhas planejadas, não criaram trajetos, ou verificaram custo benefício. Isso é pra quem tem tempo em demasia e tesão em falta.
Acabaram se “hospedando” num hotel, desses caros que tem no centro da cidade, cheio de frescuras e sem muito conforto. Mas quem liga pra preço quando a carne grita por prazer?
Antes mesmo de chegarem a cama, suas roupas já estavam mais longe do corpo deles do que se pode imaginar, era como se as próprias peles exigissem se verem livres das camadas de pano que as aprisionavam. Que ainda lhes dava um pequeno senso de pudor e moralismo.
O que se seguiu foi uma peça, uma coreografia, criada pelo tesão, pelo excesso de álcool e por uma vontade que talvez nunca tivesse sido permitida sentir por nenhum deles. 
A barba dele roçando o pescoço DELA, os seios DELA sendo devorados por ele, uma fome que era saciada no outro. E assim se seguiu noite adentro, entre gemidos, suspiros, respiração alta, naquela voracidade, e desespero de quem sabe que o mundo vai acabar amanhã.
E lá pelas 04hrs quando não existiam mais forças, quando as costas dele estavam quase sem espaço para serem arranhadas, quando as pernas DELA formigavam pelo esforço, e suas coxas estavam arranhadas pelo contato da barba na virilha. Eles descansaram, ELA deitada no peito dele, ele doido por um cigarro pós-sexo.
_ Nossa quem diria que a gente um dia estaria aqui hein loira?!
_ Pois é trem, quem diria?!
_É clichê, mas só pra não perder o costume: Foi bom pra você?
_ Foi, agora passa a pizza.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Isabelly




O dia estava ruim, a semana um inferno, a cabeça estava doendo, a maldita sensação e borboletas dançando no estômago e o gosto de guarda-chuva na boca estava fazendo tudo amargar. Estar sóbrio era outro problema. 
Era hora do almoço e o escritório estava vazio, então um jazz-bossa no playlist não era problema...
Afrouxou o nó da gravata, esticou-se na cadeira, com os polegares levados a têmpora fazendo pressão na esperança dúbia de que aliviasse um pouco a dor e a vontade de morrer.  As vezes a vida era o que fodia com tudo. Estar vivo fodia com tudo.
De quem foi mesmo a maldita ideia de colocar o seu mundo pra girar, sacudir, e rebolar na velocidade cinco?! Porra ele lembrava que pra fazer isso tinha que ter disposição, e ele não tinha nenhuma.
Levantou de supetão e decidiu               que precisava de um café, cafeína sempre ajudava a deixar as coisas mais... Toleráveis... Ou algo perto o bastante disso.
Pegou o paletó, as chaves da moto e o capacete coquinho que sempre ficava dentro do armário de sua sala. Desceu as escadas meio que correndo e chegou até a moto que estava novamente parada na vaga do chefe. Pilotava uma Shadow laranja de 1998, inteira, com pneus largos e mata cão grande.
Colocou os óculos escuros modelo aviador, afivelou o capacete ao queixo barbado e deu partida na moto.
_ Que o diabo lhe carregue e pague um bom café. - cantou enquanto lembrava-se de um blues e saia do estacionamento.
Se mandou para o centro velho, e parou em um pub que além de cerveja servia café expresso de qualidade. Entrou pediu uma dose dupla do pretinho e sentou-se numa cadeira próxima a janela, assim poderia ficar de olho na moto, que como sempre estava estacionada na rua. Era uma relação de amor e falta de cuidado enorme com a moto.
O pub estava razoavelmente lotado para aquela hora, ainda mais que numa sexta-feira as 12hrs era de se esperar que estivesse vazio e lotasse às 16hrs. Happy hour que era a hora do inferno, mas tudo bem ele estava sentado.
A garçonete depois de demorar uma eternidade trouxe seu café, mas tinha algo a mais ali. Uma dose enorme de whisky e um bilhete escrito em um português tão bom quanto o inglês do Joel Santana ou algo pronunciado pelo mestre Yoda. O bilhete dizia: _ Sentar com você posso eu?
 _ Foi aquela moça ali no balcão que mandou – Disse a garçonete sorrindo e mostrando a mulher de cabelos castanhos que o encarava.
_ Obrigado. – Respondeu ele, fazendo um gesto com a mão pra que a moça se aproximasse.
Ela se levantou do banco de balcão e veio caminhando na direção dele com um sorriso que incendiou o ar. Aquilo era tudo, mulher, deusa, diaba, Vênus e sol. Vestia uma camiseta branca do Sex Pistols, calça jeans surrada, allstar azul  e uma jaqueta jeans preto desbotado.  1,60m de uma perfeição que não se vê todos os dias por aí.
Ela não fez cerimônia e se sentou na cadeira a frente dele. Com um sorriso pegou o copo de whisky que havia enviado e deu um gole sem fazer careta. – Café e whisky não combinam, e acho que você gosta mais de café. Sou Isabelly. – Falou com o sotaque carregado enquanto estendia a mão para um cara perplexo e maravilhado com o ser a sua frente.
Ele balbuciou seu nome toscamente, e depois de recuperar o ar, tomou um gole do café e começou a conversar como se fosse um adolescente no primeiro encontro.
Ela ao contrário dele, uma espécie de Dom pós-moderno (sim, o cara do livro Capitu), falava bastante, perguntou o que um cara como ele fazia, o que curtia além do café que ele bebia com um prazer quase sexual (palavras dela).
Em um momento no meio da conversa, depois de ter colocado Kashimir-Led Zeppelin pra tocar no jukebox, ela se debruçou sobre a mesa e segurando-o pelos cabelos cacheados e que deveriam ter sido aparados a pelo menos dois meses atrás junto com a barba, o beijou por um instante que pra ele poderia durar a vida toda.
Ele pulou pra cadeira mais próxima dela e começou a beija-la com vontade, com vontade de que o mundo acabasse enquanto estava junto aqueles lábios coloridos de um batom vermelho intenso.
Eu diria que a conversa acabou no banheiro, mas a segurança do pub pediu “gentilmente” que eles se mandassem dali antes que a polícia os tirasse.
Subiram na moto dele, ele deu o capacete pra ela e pararam no primeiro motel que passaram.
As roupas começaram a sair antes mesmo que o portão eletrônico do quarto se fechasse por completo. Quando abriram a porta do quarto ele já estava abocanhando um dos seios dela, com as pernas dela em volta de sua cintura. Alguns botões de sua camisa social foram arrancados, a calça saiu mais rápido que qualquer recorde mundial já estabelecido.
Naquele quarto não havia espaço pra fazer amorzinho, eles realmente treparam, foderam gostoso, se chuparam, se lamberam, gemeram e gozaram como nunca, como pessoas de verdade. Tiveram uma tarde fantástica, uma tarde que hoje ainda se lembram nos dias calmos de trabalho.
Ele ainda ri da advertência que levou por ter largado tudo no escritório pra ir tomar um café e acabar ganhando uma foda incrível. Ela continua sorrindo, lá em Londres, enquanto olha para a gravata do moreno barbudo e de cabelos cacheados que ela escondeu no bolso enquanto ele procurava a peça sob a cama.
Ela ainda tem a gravata junto ao filtro dos sonhos, e ele ainda tem o bilhete no guardanapo manchado de café com um português horrível, mas com uma lembrança do caralho.
Afinal a vida é foda parceiro, mas as vezes te proporciona fodas incríveis e muito acima da média pra uma sexta-feira que tinha tudo pra dar errado.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

A INCRÍVEL GERAÇÃO DE IDIOTAS

Forte começar um texto já com esse título, né?! A INCRÍVEL GERAÇÃO DE IDIOTAS – Bang- assim em caixa alta. Mas a verdade é que não! Tenho visto nos últimos tempos uma enorme geração de idiotas, e esses seres andam em bandos, sozinho, em pares, não importa. Eles estão por aí, e fazem sempre as mesmas coisas, as mesmas cagadas, traem, traem confiança, traem seus parceiros, traem seus amigos.
Talvez nesse momento muita gente esteja pensando: _ porra Kaká você tá dizendo que é santo, que nunca traiu, e que sempre foi o cara da música do Roberto Carlos?
Porra nenhuma, já traí sim, e com conhecimento de causa digo, fiz parte dessa incrível geração, e novamente sei que tem gente pensando: mas você aí dizer que você teve o seus motivos, que estava carente, confuso, que ela comeu o ultimo Danoninho da geladeira ou tomou a sua cerveja irlandesa que tava escondida atrás do queijo minas.
Mas aí que você se engana meu amigo, não teve Danoninho, cerveja, carência ou queijo minas. Fiz porque quis, porque pertenço a essa incrível geração de idiotas. Faz tempo o fato ocorrido? Faz. Mas isso não retira a culpa, isso não me faz menos idiota, boçal ou que você quiser chamar.
Anos depois de você ter feito, você ainda vai perceber que foi um idiota, e se acha que sua atitude é legal, ou que não foi algo tão grave assim, e o que passou, passou... Você ainda continua fazendo parte da INCRÍVEL GERAÇÃO DE IDIOTAS.
Vejo todos os dias, relatos de pessoas incríveis que foram traídas por idiotas. Homens, mulheres, Power Ranger, e o diabo a quatro.
Talvez  a nossa INCRÍVEL GERAÇÃO não perceba, mas estão fazendo um mal dos infernos a pessoas que te apoiam, te escutam, correm do seu lado porque simplesmente foram inocentes o bastante para confiar e amar.
E me parece que o nosso mundo está tão desesperado por amor, e ao mesmo tempo tão frio e seco, que busca de todas as formas preencher um vazio que foi criado por nós mesmos. É uma busca tão grande e sedenta por sentir algo, que despreza o que se tem.
E aí se cria a INCRÍVEL GERAÇÃO DE IDIOTAS. Até agora eu só falei o que acho de errado, o que já fiz, parece até que tô querendo criar uma espécie de clube, NÃO TRAÍRAS, UM DIA DE CADA VEZ. Mas agora é que começa a parte interessante da coisa, e o conselho do tio Kaká aqui:
Cara (se você é mulher e tá lendo isso, paciência, eu não sei o feminino de cara, me desculpe) se imagine no meio de uma multidão de pessoas extremamente bonitas, cheirosas e gostosas pra cacete. De Megan’s  Fox e Brad Pit’s, só gente que todo mundo comeria. Ótimo, agora você já sabe que é o mais feio do ambiente.
Agora se lembre de todas as canalhices, sacanagens e filhadaputagens que você fez ou pensou em fazer ao longo do seu relacionamento atual, mas continue lembrando que você está no meio de uma multidão de gente que todo mundo quer comer, gente perfeita, que não peida e nem tem bafo matinal. Sentiu o drama?
Ótimo, você está exatamente onde eu queria, no X onde a bigorna cai em cima do Cartoon, agora veja que a pessoa que está ao seu lado, é a que você está querendo trair. A que poderia ter escolhido o gostosão que não peida e nem tem bafo, que poderia estar comendo uma galera.
Então seu tapado, você percebeu? Que mesmo podendo escolher estar com alguém bem melhor, essa pessoa preferiu estar com você, que não vale o que o gato enterra e se acha o gostoso.
Percebeu que cada vez que pensa em trair, trai ou magoa essa pessoa, você destruiu um pedaço de uma alma linda? Então faça um favor a você mesmo, não a traia, não seja parte dessa geração da qual mesmo eu já fiz parte.

Porque a vida é uma curva de rio com correnteza, e quando ela voltar e te der um caldo, você vai sentir que poderia estar no barco seguro que você mesmo sabotou. E confiança cara, é como um copo de vidro, depois que foi quebrada, desculpa nenhuma vai conserta-la.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

A Morena




                                            Arte por: Heverton Cavera

Era quarta-feira, gelada pra cacete. 


Diabos! Ontem estava um calor dos infernos, e hoje esse gelo. E ela estava ali, na frente dele, mostrando as belas formas, como uma miragem, uma aparição. No alto de seus incríveis 1,58m sem salto, ostentando curvas que fariam até mesmo os deuses perderem o juízo.  Ainda não havia nascido uma palavra que pudesse descrever aquela mulher de cabelos longos e negros, pele morena de sol, que se movia em perfeita sintonia com o universo, e estava na sua frente.

Estava chovendo, a porra do tempo tinha virado e ele só conseguia prestar atenção na boca dela, em como se movia, gesticulava. Em como ela andava de um lado para o outro na casa recém-comprada, fazendo projeções de onde e o quê ia ficar tal coisa, ou tal mobília. 

Eles tinham voltado, e ele estava mais feliz que pinto no lixo, ela tinha decidido dar uma nova chance pra eles. Tinha cuspido um monte de condições. Mas foda-se, quem ligava? Ele não ia cumprir mesmo, e mesmo assim ela ainda o amaria. Ela era dele de novo. Tinha voltado pra bagunçar a sua vida, mudar seus planos e botar seu cachorro a perder com seus mimos intermináveis.  Mas era exatamente isso que ele queria, que ele precisava.

Agora estavam ali, decidindo o que colocariam na casa que na opinião dele era enorme. Mas ele não era louco de falar isso para a morena baixinha, elegante e mandona com quem ele pretendia se casar.
Enquanto ela falava sem parar, ele a devorava com olhos gulosos imaginando que peças intimas estariam por baixo do casaco e do vestido de grife que ela usava.  Cara aquilo só poderia ser uma deusa. Ela tinha um ar inocente, um jeitinho de menina mulher, que fritava o juízo dele. 

Aquilo era demais pra ver, ele tinha fome, desejo, sede. Um misto descarado de todas as sensações e sentimentos habitando dentro de um mesmo corpo. 

O antigo dono havia deixado alguns objetos para traz, incluindo uma bela coleção de vinhos e whiskies no bar feito em madeira-de-lei que adornava a sala de estar.  Ele caminhou até lá e escolheu um Casillero del Diablo na adega que estava ambientado a 17°. Abriu a garrafa como quem entende do assunto, deixou respirar por alguns segundos e serviu duas taças. 

Enquanto ela falava algo sobre colocar um quadro de um tal Romero Brito em cima da lareira, ele a abraçou por trás como quem tem intenções mais maliciosas que ganhar um simples beijo. Entregou a taça pra ela e brindou ao ótimo gosto dela, e ao péssimo entendimento de arte abstrata dele. Ela riu e aceitou o brinde como um elogio particular.

Ele queria mais, ele queria pele, suor gelado, luxuria, sacanagem da boa. Então partiu pro ataque, enquanto ela bebia devagar do vinho, ele começou a beijar-lhe o pescoço, mordendo as orelhas de uma forma tão delicada, que quem observasse não diria que ele era o cara vindo do subúrbio, que conquistou o coração da princesa da aristocracia paulistana. 

A princípio ela tentou afasta-lo, dizendo que aquilo não era lugar, não era hora. Mas a essa altura ela já estava excitada, e mesmo dizendo não, inclinava o pescoço pra que o seu homem (sim seu, pois ele a pertencia) tivesse mais pele pra beijar, morder e fazer o que bem quisesse. 

A taça foi colocada no apoio da lareira, mas se você perguntasse depois eles não se lembrariam de terem feito isso. Estavam envolvidos demais na fome e pressa de iniciarem a dança do tirar de roupas. Da urgência do sexo, da pele, da fome do outro. 

O casaco dela saiu em um puxão apressado, como em uma mágica, Ela tirou a jaqueta de couro dele enquanto o beijava de uma forma selvagem, ele se atrapalhava com os botões do vestido, na pressa, naquela urgência de quem sabe que o mundo vai acabar amanhã.  Cansou-se de tentar e com uma torção arrancou os botões que faltavam. 

Ela resolveu entrar na brincadeira e abriu caminho para o peito dele da mesma forma arrancando os botões da camisa social branca que ele estava usando.  Foda-se se as roupas estavam estragadas, eles queriam mesmo era se livrarem delas. 

Enquanto ela se esforçava pra desvencilha-lo das suas calças ele lhe abocanhava os seios com a fome de um flagelado, chupava, mordia, lambia, numa miscelânea de desenhos que colocariam o Kama Sutra no chinelo.
Ela finalmente conseguiu em meio a gemidos e ronronares tirar-lhe as calças e o que se deu depois foi uma sequencia de posições sexuais em todos os cômodos da casa. Gozaram juntos, um depois o outro, ela, ele, uma mistura que fazia todo e nenhum sentido.

E por fim lá estavam eles, nus, exaustos, em cima de um tapete felpudo, tomado o que sobrara do Casillero. Ele com as costas arranhadas, em frangalhos, ela apenas com o que sobrara da camisa social dele, com as pernas bambas, ainda sentindo a sensação que a barba dele causara em suas coxas quando ele estava entre suas pernas. Ambos felizes e satisfeitos por ela ter decidido que valia a pena tentar de novo.

E hoje quem os vê casados, juntos e tão diferentes um do outro. Não imagina que ele o sapo suburbano e ela a princesa paulista, são um só quando estão na cama, no chão, ou em qualquer lugar que o tesão dela mandar.

terça-feira, 1 de julho de 2014

A Ruiva



                                        Modelo: Thays Vita-      Foto por: Jorge Junior F.


São Paulo, SP.
Edifício Copam, 35º andar, bloco 6, apartamento 1160.

A cento e quinze metros do chão, no ultimo andar, no ultimo apartamento ela desfila pela sala, junto à janela com sua pele branca, desnuda e coberta de sardas que mais lembram estrelas em noites de verão. Ela sempre foi assim, sempre gostou dos extremos. No alto de seu 1,61m (1,61m não 1,60m, porque um centímetro fazia toda a diferença) com seus 47kg distribuídos em um desenho suave que habitava seu corpo, ela colocava a culpa no seu signo, e nadava despreocupada contra a corrente das grandes massas.
Já passava da meia noite e ela dançava ao som do vinil, Somebody to Love da Jefferson Airplaine, com uma taça de vinho na mão, dançava a passos curtos e delicados, com o sorriso bobo causado pelo excesso de vinho e a pele arrepiada do vento que entrava pela janela aberta. Diabos ela definitivamente era uma visão e tanto.
Ele ali sentado, extasiado, bêbado pela visão da bruxa que foi feita fada. Jogado no velho divã que ela comprara usado, naquela feirinha brechó do final da Teodoro Sampaio. Ele não tinha a menor ação ou reação perante aquele dialogo de sardas, tatuagens e pequenos giros de uma dança tão calma e pura que chegava a ser infantil.
E ela? Ah! Ela indecisa por natureza era tortamente dona da situação, dos seus passos, sorrisos, da sua ereção. Era uma mistura desencontrada de prazer visceral e responsabilidade descarada.  E diabos ela não parava, e ficava mais sexy, mais louca, mais linda com o tempo.
O velho Bukowski já dizia, encontre algo pra amar e deixe que isso te mate. Mas que se danasse ela poderia lhe matar por mil vidas, e mesmo assim aquela visão não lhe sairia da cabeça.
Ela sorri para ele e quebra sua linha de raciocínio, o chama pra dançar com ela, ele nega dizendo que ver era melhor que estragar a perfeição. Mas é ela quem comanda o jogo meu amigo, o arrasta pro meio da sala e o faz flutuar. A jaqueta sai do seu corpo como mágica, a camisa despenca 35 andares abaixo, era uma Armani, mas diabos, quem liga? 
Menos e menos roupa no seu corpo, e ele sabe que não tem como escapar, ele é dela e sempre foi. As unhas dela com esmaltes comidos pela sua eterna ansiedade arranham a pele das costas dele, o contraste dos tons de pele deles se perdem na sala iluminada pelo abajur hippie que ela mesma fez. As bocas encontram pedaços e detalhes de corpo em uma fome desesperada, urgente.
O chão, a mesa e bendito divã velho pra cacete se tornam leitos para a luxúria que invade o apartamento, ele nela e ela mais nele do que se pode imaginar. Chegam ao clímax, não juntos, ele primeiro, suado e louco de prazer, ela depois, ronronando feito uma gata malcriada enquanto desliza a boca no pescoço de sua presa cravando-lhe os dentes a ponto de deixar uma marca profunda.
Ah! A ruiva, ela domina os lugares da sua mente e corpo, como quem domina um brinquedo. Ele a observa jogado no divã enquanto ela fuma completamente nua sentada no parapeito da janela sendo dona dos destinos. E ele sabe que está com a ruiva pra si ou por ela, é não saber dizer pra onde apontam os próprios pés.