Modelo: Thays Vita- Foto por: Jorge Junior F.
São Paulo, SP.
Edifício Copam, 35º andar, bloco 6, apartamento 1160.
A cento e quinze metros do chão, no ultimo andar, no ultimo
apartamento ela desfila pela sala, junto à janela com sua pele branca, desnuda
e coberta de sardas que mais lembram estrelas em noites de verão. Ela sempre
foi assim, sempre gostou dos extremos. No alto de seu 1,61m (1,61m não 1,60m,
porque um centímetro fazia toda a diferença) com seus 47kg distribuídos em um
desenho suave que habitava seu corpo, ela colocava a culpa no seu signo, e
nadava despreocupada contra a corrente das grandes massas.
Já passava da meia noite e ela dançava ao som do vinil,
Somebody to Love da Jefferson Airplaine, com uma taça de vinho na mão, dançava
a passos curtos e delicados, com o sorriso bobo causado pelo excesso de vinho e
a pele arrepiada do vento que entrava pela janela aberta. Diabos ela
definitivamente era uma visão e tanto.
Ele ali sentado, extasiado, bêbado pela visão da bruxa que
foi feita fada. Jogado no velho divã que ela comprara usado, naquela feirinha
brechó do final da Teodoro Sampaio. Ele não tinha a menor ação ou reação
perante aquele dialogo de sardas, tatuagens e pequenos giros de uma dança tão
calma e pura que chegava a ser infantil.
E ela? Ah! Ela indecisa por natureza era tortamente dona da
situação, dos seus passos, sorrisos, da sua ereção. Era uma mistura
desencontrada de prazer visceral e responsabilidade descarada. E diabos ela não parava, e ficava mais sexy,
mais louca, mais linda com o tempo.
O velho Bukowski já dizia, encontre algo pra amar e deixe
que isso te mate. Mas que se danasse ela poderia lhe matar por mil vidas, e
mesmo assim aquela visão não lhe sairia da cabeça.
Ela sorri para ele e quebra sua linha de raciocínio, o chama
pra dançar com ela, ele nega dizendo que ver era melhor que estragar a
perfeição. Mas é ela quem comanda o jogo meu amigo, o arrasta pro meio da sala
e o faz flutuar. A jaqueta sai do seu corpo como mágica, a camisa despenca 35
andares abaixo, era uma Armani, mas diabos, quem liga?
Menos e menos roupa no seu corpo, e ele sabe que não tem
como escapar, ele é dela e sempre foi. As unhas dela com esmaltes comidos pela
sua eterna ansiedade arranham a pele das costas dele, o contraste dos tons de
pele deles se perdem na sala iluminada pelo abajur hippie que ela mesma fez. As
bocas encontram pedaços e detalhes de corpo em uma fome desesperada, urgente.
O chão, a mesa e bendito divã velho pra cacete se tornam
leitos para a luxúria que invade o apartamento, ele nela e ela mais nele do que
se pode imaginar. Chegam ao clímax, não juntos, ele primeiro, suado e louco de
prazer, ela depois, ronronando feito uma gata malcriada enquanto desliza a boca
no pescoço de sua presa cravando-lhe os dentes a ponto de deixar uma marca
profunda.
Ah! A ruiva, ela domina os lugares da sua mente e corpo,
como quem domina um brinquedo. Ele a observa jogado no divã enquanto ela fuma
completamente nua sentada no parapeito da janela sendo dona dos destinos. E ele
sabe que está com a ruiva pra si ou por ela, é não saber dizer pra onde apontam
os próprios pés.
